
Um show de luzes, queimando, queimando. Mostre-me este universo.
Estou a
procura de algo que me faça querer perder tudo que conquistei. Então me
diga que nada do que tenho vale a pena se eu não tiver amor. Diga a
este sujeito que nada na vida vale a pena se ele não tiver amor. Mas
espere, não vê estes olhos perdidos? Ele já tem uma musa, ele ama a
escuridão e quando a noite cai ele pode girar, e girar e o mundo fica
leve. Mas pela manhã o sol sempre vem destruindo toda magia de suas
luzes e agora ele queima.
Mostre a ele as luzes do dia, como elas brilham sem queimar. De a ele
uma manhã florida e destrua seus dias cinzas. Ele está triste, mas ainda
não sabe disso, ele sofre sem saber porquê. Dê a ele uma noite de sono e
mostre como um sonho pode ser lindo. Dê a ele fogo, fogo e mais fogo, e
mostre o que se pode queimar. Ele é um sujeito que vive repleto de
outro sujeito, sujeito este, feito nos moldes perfeitos da
inconstância. Talvez a psicanálise dissesse que não ele não pode
escrever como seu próprio inconsciente, mas se há dois "sujeitos", duas
personalidades diferentes, se há trevas e luz, pode ele dentro de si,
ser aquele que não é. Peça desculpas, é o que sempre lhe digo, por ser
esse sujeito que como dom e vocação principal tem o desastre. Sempre se
perguntando se haveria uma maneira de se esquecer de tudo, de ficar
livre da angustia, mas todas as vezes concluindo que nada poderá o
salvar disto. Há muito os dias tem sido tristes, nada parece
verdadeiramente digno de um riso, e ele esta só, em silêncio, deixando
com que as horas passem sobre ele. A preciosidade dos instantes morreu, e
olhando a relação entre as pessoas não há nada além de hipocrisia.
Estão todos tentando tirar, tentando achar, tentando filtrar, acalmar,
achar um lugar, um aconchego para a dor que carregam no peito, buscando
numa fração de segundo, o consolo de uma vida inteira.
Ele sabe de
sua estupidez, mas numa guerra se matam homens para que outros homens
vivam, e como consolo sabe que sua dor é a minha dor, e esquece-la seria
como perder todo ar que me infla os pulmões de vida. Livra-te e
livra-me desse tormento. Não deixe que a sombra seja meu único refúgio.
Não me deixes definhar diante dos teus olhos. Queima-me vivo e sinta em
minha carne a remissão dos pecados, mas queima-me, não deixe-me
entrelaçado nos doces braços da solidão. Dê a mim um ultimo suspiro, um
beijo velado pela luz do teu sorriso.
//Olivroquenaotinhanome;